quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Entrevista Metal Discovery com Stefan Schmidt (Parte 1)

A banda alemã Van Canto, formada em 2006, é única na forma que atua no metal, fora a
bateria, é tudo a cappella (grupo musical formado apenas por cantores), ou seja, riffs e solos de
guitarra, linhas de baixo e o teclado são replicadas apenas com uso de suas vozes e, junto aos
vocais tanto feminino quanto masculino, eles têm de uma forma geral um som esplendorasamente original e um arsenal de músicas que grudam na sua cabeça pra não sair mais. Com seu novo álbum "Tribe of Force", lançado recentemente pela Napalm Records, conversei um tempo com o vocal "Rakkatakka" Stefan Schmidt pelo telefone para perguntar a ele sobre a forma musical escolhida pela banda.

Metal Discovery (MD): "Tribe of Force" é um fantástico álbum novo - como a imprensa reagiu até agora, já leram

muitas críticas?


Stefan Schmidt (SS): Sim. Já que essa é a primeira vez que um álbum nosso é lançado mundialmente, as reações vêm de todos os lugares, o que é algo muito interessante para nós, é claro. Sempre com o Van Canto, tem sido assim desde os primeiros dois álbuns na Alemanha, você consegue reações muito positivas e várias negativas; com pouca imparcialidade. Nós achamos isso algo bom porque a pior coisa que pode acontecer a uma banda é todo mundo dizer: "É legal, mas não é muito interessante para mim". Nós estamos de alguma forma nos extremos - tem bastante gente que gosta da abordagem diferente na instrumentação e dizem ser único e original e também há pessoas que nos dizem que estamos arruinando o metal e que nós não deviamos fazer isso!


MD: Sério?! Desse jeito?!


SS: Sim, sim, fãs de metal em fóruns, no facebook e essas coisas. Os jornalistas, eles são muito mais positivos que fãs de metal em geral porque é o trabalho deles escrever sobre coisas novas, e escrever coisas sobre bandas diferentes, então acredito que por isso eles sejam um pouco mais positivos, mas para somar a isso, nós recebemos muitas excelentes reações e pessoas que conhecem o Van Canto desde 2006 reconhecem a evolução que nós alcançamos no nosso som, e algum progresso nas nossas composições e isso é bom.


MD: É, foi uma puta descoberta pra mim na verdade, dei 8 de 10 na minha crítica, achei demais.


SS: Obrigado.


MD: Vocês tem vários convidados especiais também, Vi que vocês tem o Victor, do Rage, Tony, do Sonata Artica e o Chris, do Grave Digger, é claro. Como eles se envolveram no álbum?


SS: Bem, 3 pessoas, 3 histórias diferentes! Quando nós decidimos fazer cover de "Rebellion" do Grave Digger, a gravadora nos pediu pra fazer uma colaboração com o Chris porque o Grave Digger é da mesma gravadora que nós, Napalm Records. E claro, que isso é uma coisa muito boa para nós, porque a primeira vez que ouvi "Rebellion", eu tinha 16 ou 17 anos e ela foi a música do meu verão nesse ano! Então foi o máximo trabalhar com o cantor original da música, e foi uma grande oportunidade para nós. Por causa dos contatos da gravadora foi bem fácil de pedir a ele. Com o Victor do Rage, ele produziu o álbum atual do Rage junto com Charlie Bauerfeind no estúdio do Blind Guardian, logo após terminar a gravação da bateria. Quando saímos do estúdio, eles chegaram, então eu perguntei a ele se ele podia imaginar fazer duelo de solos de guitarra com o vocal de guitarra, e ele rapidamente aceitou e fez um excelente trabalho. Com o Tony, foi o mais impressionante porque eu apenas escrevi um e-mail, e nunca imaginei uma resposta, mas nós tivemos a sorte dele conhecer nosso cover de "Wishmaster" do segundo álbum porque ele gosta sair com a galera do Nightwish. Então ele conhecia o Van Canto e também aceitou rapidamente, e isso foi ainda mais especial para a Inga, a maior fã de Sonata Artica da banda. Ela estava muito feliz por fazer um dueto com Tony Kakko.


MD: Yeah, um cara muito bom pra se ter no álbum então. Os álbuns anteriores foram lançados em sua propria gravadora, ou foi só o primeiro?


SS: Só o primeiro, ele foi relançado pela GUN Records, a sub-gravadora da Sony BMG na Alemanha, e eles também lançaram o segundo álbum "Hero" e eles foram fechados pela Sony BMG no começo de 2009. E foi quando a Napalm Records reapareceu, porque eles nos contatavam desde o primeiro álbum, e nós finalmente conseguimos alcançar a Napalm Records e eles também assinaram os dois primeiros álbuns para lançamento mundial.


MD: Brilhante. Então vocês só se formaram em 2006 e vocês meio que subiram bem rápido na cena, vocês se surpreenderam com o quão rápido isso foi?


SS: É claro, porque no começo era planejado pra ser um projeto divertido entre amigos pra brincar no estúdio, aí nós percebemos que soava interessante, nós podiamos fazer um vídeo, foi quando gravamos o vídeo de "The Mission" e colocamos na internet, e mais ou menos 2 meses depois nós tínhamos 100.000 visualizações. Então decidimos que seria interessante para a cena do metal, e nos divertíamos cantando, nos divertíamos tocando metal a cappella, então tentamos tocar em alguns shows. Era bem mais fácil arrumar shows com essa banda comparado com nossas bandas antigas, nós estivemos em bandas normais, eu era de uma banda que tocava algo tipo... difícil de descrever, algo parecido com Metallica moderno (Album St.Anger)... tipo um thrash, mas com guitarra de 7 cordas e um pouco mais moderno, embora tivéssemos recebido boas críticas de jornalistas, nós nunca conseguimos tocar em algum festival grande porque tinham centenas de bandas que eram praticamente iguais, pra ser honesto! Com o Van Canto, é muito mais fácil por causa da instrumentação única.


MD: Definitivamente, vocês se tornaram bem renomados por... obviamente vocês fazem material original também, mas vocês se tornaram mais conhecidos pelos covers que fazem de músicas famosas. Tem alguma música que vocês tentaram fazer, mas abandonaram porque não ficou boa em a cappella?


SS: Você diz covers?


MD: Sim, covers


SS: Bem, não me lembro direito... nós rapidamente decidimos quais bandas para fazer cover porque queremos fazer cover das nossas bandas favoritas e cover de grandes músicas, porque queremos mostrar que mesmo músicas grandes e bem conhecidas, podemos alcançar o mesmo peso e sonoridade fazendo-as a cappella. Então rapidamente soubemos que devíamos fazer cover de alguma coisa do Iron Maiden, alguma coisa do Manowar e do Nightwish, do Blind Guardian, do Metallica... e as músicas de cada banda. Eu sei que com Iron Maiden a primeira foi "Only The Good Die Young"- uma das minhas favoritas - mas com Iron Maiden rapidamente percebemos que não dá pra fazer melhor se você comparar um cantor como Bruce Dickinson. Então decidimos que faríamos algo um tanto quanto diferente e decidimos por "Fear Of The Dark", e dar uma atmosfera mais soturna e para os vocais principais para uma vocal feminina, Inga, estava claro que não queríamos um cover 100%, e sim uma interpretação da super sensacional música (great, great song) que você pode fazer melhor. Mas as outras músicas, que são nossas favoritas -"Kings of Metal", é claro, se você fala de Manowar tem que ter "Kings Of Metal", eu acho. Blind Guardian, decimos em "Bard's Song" porque queríamos uma balada que é conhecida por ser muito boa ao vivo, porque mesmo nos shows do Blind Guardian, a banda não canta, quem canta é praticamente o publico. Pensamos que seria um bom cover pra uma banda de 5 vocalistas! Então estava claro quais bandas e músicas deveríamos fazer cover.


MD: Então tudo que vocês quiseram fazer cover, deu certo?


SS: Sim!


MD: Fora "Only The Good Die Young"!


SS: Sim, podia ter ficado bom em a cappella, mas não ficaria tão bom quanto o original, etão melhor não fazer.


MD: Vocês receberam algum feedback dos autores das músicas que vocês fazem cover? Tipo, vocês ouviram alguma coisa do Metallica?


SS: Nós tivemos reações de todos os autores, menos do Metallica e do Iron Maiden, mas temos de pedir permissão para a companhia de publicação, eles responderam, mas eu acho que isso não é passado para os autores. Conversamos com o Eric Adams do Manowar porque tocamos no Magic Circle Festival ano passado com eles; falamos com o Hansi do Blind Guardian porque eles produziram nosso álbum no estúdio deles; e falamos com o Nightwish porque tocamos num show com eles. Tivemos boas reações de cada um e todos acharam que foi uma coisa boa, descobrimos que quanto mais famosa a banda é, mais relaxada ela é com experimentos como o Van Canto. Não há um artista que diz "Oh, o que você fez com minha música?" Todos estavam realmente muito felizes e realmente muito interessados. Eu acho que o Hansi do Blind Guardian é fã de Van Canto [Risos].

Segunda parte em breve

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